sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Entidades médicas alertam e TCE de São Paulo confirma: as OSs são deficitárias e menos eficientes

Entidades médicas alertam e TCE de São Paulo confirma: as OSs são deficitárias e menos eficientes

Cid Carvalhaes: "O relatório confirmou que a gestão privada das OSs e todas as outras formas de privatização da saúde se constituem numa forma muito mais onerosa para o serviço público e menos eficiente

A gestão da saúde pública por Organizações Sociais (OSs), adotada pelo governo paulista e que tem servido de modelo para outros estados, pode custar mais caro que o sistema da administração direta e apresenta alguns efeitos negativos na qualidade dos serviços. É o que aponta um estudo produzido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, que compara os dois métodos de administração. O tema foi abordado na edição nº 664, de setembro, da revista Carta Capital, em reportagem da jornalista Soraya Aggege.

De acordo com a reportagem, "o estudo do TCE paulista, do conselheiro Renato Martins Costa, compara seis hospitais estaduais semelhantes no espectro dos dois modelos diferentes, ou seja, geridos por OSs e pela administração direta do governo. O relatório não partiu de uma auditoria, nem teve como meta definir qual o melhor modelo, mas apenas avaliar a situação paulista. As conclusões, porém, são relevantes. Fica claro, por exemplo, que os custos das OSs são mais altos, os doentes ficam mais tempo sozinhos nos leitos, a taxa de mortalidade geral é maior e que há uma ampliação da desigualdade salarial entre os trabalhadores. Enquanto os chefes ganham acima da média, os escalões inferiores recebem menos que seus pares dos hospitais geridos pelo estado".

Segundo o relatório, "os hospitais analisados custam 60 milhões de reais a mais nas OSs do que nas gestões diretas – uma variação de 38,52 % de menor eficácia. Outro exemplo significativo: o custo do leito por ano nas OSs foi 17,60% maior que nos hospitais da administração pública".

A Federação Nacional dos Médicos e outras entidades médicas sempre foram contrárias ao modelo de gestão das Organizações Sociais, alertando sobre os riscos da terceirização, que precarizam o trabalho médico e baixam a qualidade da assistência.

"O relatório confirmou o que as entidades médicas têm afirmado há muito tempo: a gestão privada das organizações sociais e todas as outras formas de privatização e terceirização da saúde se constituem numa forma muito mais onerosa para o serviço público e menos eficiente. Assistimos isso com profunda tristeza e com um lamento severo e sincero, pois a população acaba sendo mais sofrida, mais discriminada e mais marginalizada com a adoção desse modelo de gestão", destacou o presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes, o relatório apresentado pelo TCE derruba a tese do governo de alegar falta de recursos para a saúde.

"O governo alega que o problema da saúde é dinheiro, mas se o problema é dinheiro, por que os governos estão adotando um modelo de gestão que custa mais caro?", questionou o dirigente.

"Fica claro que há interesses econômicos envolvidos, que as pessoas vão para lá para lucrar e, infelizmente, o poder publico vem adotando esse método, mas esse relatório vem mostrar que é uma falácia dizer que as organizações sociais são melhores que os hospitais públicos, porque não são. As Organizações Sociais estão lá para ganhar dinheiro às custas das doenças das pessoas e nós sabemos que saúde não é mercadoria", acentuou. O sindicalista ainda lembrou que já existe um movimento nacional contra as terceirizações na saúde e que o apoio da sociedade contra as privatizações é muito importante para que os atendimentos no sistema público de saúde não sejam ainda mais prejudicados.

Veja o relatório no Portal Fenam: http://portal.fenam2.org.br/portal/showData/395869

Outra reportagem, publicada na última quinta-feira (29), pelo jornal Estado de São Paulo, também faz denúncia contra as Organizações Sociais. De acordo com a notícia, reportada pela jornalista Adriana Ferraz, "os ambulatórios de especialidades da cidade de São Paulo administrados por OSs não cumprem as metas de atendimento estabelecidas pela Prefeitura. Segundo relatórios oficiais do primeiro semestre deste ano, as seis unidades realizaram, em média, apenas metade das consultas pagas pelo município. Apesar disso, a verba mensal continua sendo repassada às entidades - ou seja, elas recebem, mas não ofertam os serviços à população".

Fonte : Taciana Giesel, com edição de Denise Teixeira

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