Rio de Janeiro - O dramaturgo Sérgio Pedro Corrêa
de Britto abandonou o 6º ano do curso de medicina, em 1945, aos 22 anos, para
dedicar-se exclusivamente ao teatro amador. Não chegou a buscar o diploma, mas
costumava dizer que a experiência da época em que praticou a medicina, em
hospitais e emergências, serviu de laboratório para a carreira de ator.
Em 1965, dirigiu a primeira novela da TV Globo,
Ilusões Perdidas, e a Muralha, de Ivany Ribeiro, em 1968, além
de atuar em dezenas de outros folhetins televisivos. Mas o teatro foi sua grande
paixão e onde seu talento e genialidade afloraram. Dirigiu ou atuou em mais de
100 peças.
Britto foi um dos fundadores do Teatro dos Sete,
em 1959, ao lado de Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, grupo que
lançou obras consagradas e polêmicas como O Mambembe, de Artur Azevedo,
e O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues.
Em 1978, construiu o Teatro dos Quatro, na Gávea,
zona sul do Rio, cuja primeira peça foi Os Veranistas de Górki,
dirigida por ele, com cenário de Hélio Eichbauer e atuação de Ítalo Rossi, Luís
de Lima, Renata Sorrah, entre outros consagrados artistas da época. Lá, montou e
apresentou dezenas de peças antes de vendê-lo em 2007. Hoje, o local continua
sendo um dos maiores centros de produção teatral do país.
O dramaturgo chegou a dirigir algumas óperas como
a La Traviata e O Guarani e, aos 80 anos, atuou em musicais
como Ai, Ai, Brasil e produziu e interpretou o monólogo Sérgio
80, em que falava de suas experiências no universo teatral brasileiro. No
ano passado, o dramaturgo lançou o livro O Teatro e Eu, com um balanço
de seus 65 anos de carreira.
Na TV Brasil, há 12 anos, o ator
apresentava o programa semanal Arte com Sérgio Britto, em que o artista
abordava temas sobre teatro, cinema e literatura, fazia críticas sobre peças e
filmes que estão em cartaz e entrevistava personalidades do meio teatral e
cinematográfico brasileiro.
Aos 88 anos, Britto enfrentava problemas de saúde
e, há cerca de um mês, foi internado em um hospital da zona sul do Rio, devido a
complicações cardiorrespiratórias.
Considerado um dos criadores do teatro brasileiro,
o crítico de arte, autor, diretor, roteirista, cinéfilo Sérgio Britto não teve
filhos, mas deixou na manhã deste sábado (17) órfãos de diferentes gerações do
teatro brasileiro.
O velório do corpo de Sérgio Britto ocorrerá na
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, à tarde, e o enterro será amanhã (18),
no Cemitério São Francisco Xavier, às 11h.
Fonte: ABr
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