segunda-feira, 4 de julho de 2011

Subfinanciamento e má gestão fazem parte da rotina do SUS no Paraná

Profissionais da saúde reclamam de falta de valorização e de condições de trabalho e atendimento à população. Até hospitais apontam problemas

Falta de valorização do profissional, sobrecarga de trabalho, demandas reprimidas, estrutura deficiente. Esses são alguns dos reflexos da má gestão e do subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), que se repetem em todo o País e são vivenciadas pelos profissionais da saúde e pelos pacientes no Paraná.

“Os problemas do SUS no Paraná são os mesmos enfrentados no Brasil inteiro”, afirma o presidente do Conselho Regional do Estado do Paraná (CRM-PR), Carlos Roberto Goytacaz Rocha. “O SUS foi criado sem orçamento específico para a saúde, o que dificulta o seu gerenciamento.” Outro entrave, segundo ele, é a centralização das abordagens pelo governo federal.

Autonomia financeira - Em sua opinião, são usados tratamentos uniformes para um país que não é uniforme. O programa de municipalização do sistema, de acordo com ele, deve dar autonomia não apenas administrativa, mas também financeira. “Os municípios são obrigados a arcar com despesas para as quais não têm condições. Muitas vezes, estados e o governo federal não honram com a sua parcela deste financiamento”, diz.

Uma luta dos conselhos regionais de Medicina - e também do federal - é pela regulamentação da Emenda Constitucional 29, que fixa percentuais mínimos de investimentos na saúde por parte da União, dos estados e dos municípios. “Enquanto isso não ocorrer, o que se consegue é tentar apagar fogo”, afirma o presidente do CRM-PR.

Queixa dos médicos - Os profissionais que trabalham no SUS se queixam de falta da merecida valorização profissional. “Além da baixa remuneração, há o problema da credibilidade”, afirma o conselheiro do CRM-PR Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinho, que é professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e médico plantonista da unidade coronariana do Hospital de Clínicas.

Ele ressalta que a desvalorização é também da sociedade como um todo. Segundo o conselheiro e professor, isso ocorre por conta da sobrecarga de trabalho e do pouco tempo que os médicos têm para atender a cada paciente, impedindo o desenvolvimento de uma relação de confiança. “O que torna particular a consulta não é pagá-la e sim o conhecimento que o médico tem do seu paciente. Isso o SUS não oferece”, avalia.

Carreira de médico - Outro problema é a falta de independência, principalmente nos pequenos municípios. A criação de uma carreira para o médico no SUS poderia ser uma solução, segundo o conselheiro do CRM-PR Donizetti Dimmer Giamberardino Filho, diretor do Departamento de Fiscalização do Exercício Profissional. “Com os concursos públicos municipais, os médicos viram ‘reféns’ de cada gestão.”

O conselheiro ainda avalia que um dos maiores entraves do SUS é o sistema de urgência e emergência. “Algumas regiões do Estado não proporcionam a adequada estrutura.” Falta apoio pactuado para garantir leitos. “Não dá para ficar só na boa vontade”. A falta de especialistas é outro fator de preocupação. “Isso se agrava muito em algumas regiões no Norte do Estado, onde não há neurocirurgiões para atender a pessoas vítimas de acidentes”.

Fonte:Observatório do SUS

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