Em
18 estados, foi confirmada a suspensão total dos atendimentos eletivos; em
dois, a paralisação será pontual; e outros sete foram confirmados apenas
manifestações públicas contra a baixa remuneração e as más condições de
trabalho dentro do SUS.
Nesta terça-feira (25),
médicos de todos os estados protestarão contra a baixa remuneração e as más
condições de trabalho e de assistência oferecidas no âmbito da rede pública de
saúde. O movimento – coordenado pela Comissão Pró-SUS, composta por
representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação
Médica Brasileira (AMB) e da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) – quer
chamar a atenção das autoridades e da população para os problemas que afetam o
setor e que comprometem a qualidade do atendimento oferecido.
Em 19 estados foi confirmada a
suspensão dos atendimentos eletivos (consultas, exames e outros procedimentos)
durante todo o dia 25 de outubro (ver Quadro 1), sendo que no Piauí deve se
prolongar por 71 horas. Em outros dois estados, este tipo de paralisação será
pontual: em Santa Catarina, deve acontecer durante a tarde e durar cerca de uma
hora; em São Paulo, deverá acontecer apenas em algumas unidades de saúde, mas
ao longo de todo o período. Em outros seis estados, foram programadas manifestações
públicas em protesto contra a precariedade da rede pública. Alias, atos do tipo
deverão acontecer simultaneamente em todo o país.
Nos estados em que se optou pela
paralisação, serão suspensos os atendimentos eletivos (consultas, exames,
cirurgias e outros procedimentos). No entanto, ficará assegurado o trabalho nas
unidades de urgência e emergência. No início do mês, o Conselho Federal de Medicina
determinou aos Conselhos Regionais (CRMs) o envio de correspondências aos
gestores públicos (secretários de saúde e diretores técnicos e clínicos de
estabelecimentos de saúde) com um alerta sobre o movimento iminente. No
documento, os responsáveis eram orientados a escalonar suas escalas e as
marcações para evitar constrangimentos aos pacientes e seus familiares, bem
como assegurar novas datas para os procedimentos desmarcados.
Hospitais
-
Um diferencial na mobilização de 25 de outubro é a solidariedade expressa pelos
hospitais conveniados à rede SUS. Em setembro, a Confederação das Santas Casas
de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) encaminhou circular
aos responsáveis pelas instituições filiadas para comunicar apoio à
mobilização. “Peço apoio necessário ao movimento, considerando as
particularidades de sua região, para que seja alcançada repercussão positiva
nas negociações e na qualidade de atendimento no SUS”, diz o presidente da CMB
no documento, José Reinaldo Nogueira de Oliveira Junior. Esse consenso deve
resultar em maior adesão ao protesto.
“Com a mobilização queremos chamar a atenção
das autoridades para a necessidade de mais recursos para a saúde, melhor
remuneração para os profissionais e melhor assistência à população”, afirma o
coordenador da Comissão Pró-SUS do CFM e 2º vice-presidente da entidade, Aloísio
Tibiriçá Miranda. “É importante que os
médicos se envolvam neste movimento; buscamos segurança para o exercício da
profissão: recursos, estrutura de trabalho”, acrescenta o presidente da
Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso.
Principais
reivindicações - A decisão sobre os encaminhamentos locais estão sob
a responsabilidade dos estados em função dos diversos cenários e contextos
vivenciados pelo SUS no país. Os problemas existem, mas nem sempre se
materializam da mesma forma. As principais dificuldades relatadas pelos médicos
e pacientes são a baixa remuneração, a
não implantação da CBHPM e a defasagem da tabela SUS. Também afetam o
trabalho médico a ausência de um plano de carreira, a precarização dos vínculos
de emprego, as contratações sem concurso
e a falta de isonomia salarial na mesma rede do SUS. Além desse quadro,
constata-se a situação caótica da urgência e emergência em nível nacional.
A mobilização nacional do dia 25
de outubro será uma oportunidade dos médicos reiterarem junto às autoridades as
reivindicações deliberadas desde o Encontro Nacional de Entidades Médicas (Enem
2010), que tem balizado inúmeras manifestações e movimentos localizados. Uma
delas é o piso salarial definido em 2011 pela Fenam em R$ 9.188,22 para uma
jornada de 20 horas semanais de trabalho.
Este valor é o parâmetro para dissídios,
convenções, acordos coletivos de trabalho e, principalmente, para a discussão
do PCCV de médicos do SUS com prefeituras e câmaras municipais. Isso ocorre
inclusive nas negociações para formulação de editais de concursos públicos
lançados pelas prefeituras e estados. Além do PCCV e do piso como soluções complementares,
as entidades apontam a necessidade da instituição da Carreira de Estado dos
médicos do SUS, com dedicação exclusiva, contratação via concurso e salário
compatível.
Quadro 1 - Situação do
protesto nacional dos médicos do SUS contra a baixa remuneração e as más
condições de trabalho e de assistência (tipo de protesto x estado)*
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Tipo de protesto
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Estados
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Suspensão dos atendimentos eletivos em toda a rede SUS no dia
25 de outubro
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Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo,
Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio
Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Sergipe.
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Suspensão dos atendimentos eletivos em toda a rede SUS por 72
horas, a partir de 25 de outubro
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Piauí
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Suspensão dos atendimentos eletivos em algumas unidades de
saúde ou por algumas horas durante o dia 25
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Santa Catarina e São Paulo
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Realização de apenas manifestações e protestos públicos
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Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro
e Tocantins
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Fonte: Fenam
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