O município de São Paulo tem o maior contingente de médicos do país: são 50 mil profissionais em atividade ou um médico para cada 232 habitantes, concentração superior à encontrada em muitos países, como Estados Unidos, Bélgica, Reino Unido e México.
Mesmo assim, faltam médicos em hospitais públicos e em unidades de saúde municipais, principalmente na periferia, devido à distribuição irregular dos médicos na capital (64% estão concentrados no centro expandido), ausência de um plano de carreira, más condições de trabalho e baixa remuneração, situação agravada pelas contratações temporárias sem concurso e pela disparidade de salários praticados entre a administração direta e as Organizações Sociais (OSs) contratadas pela prefeitura para gerir os serviços.
Conforme o último concurso realizado, o baixo salário inicial de médicos da Secretaria Municipal de Saúde - R$ 2.209,10 para jornada de 20 horas , incluindo as gratificações - levou ao não preenchimento de muitas das 774 vagas oferecidas. Já no Programa Saúde da Família o salário atual é R$ 10.047, 81 para jornada de 40 horas com contratação sem concurso, via OS.
Os dados foram apresentados pelo Presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior, no dia 8 de junho, em audiência pública da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo, convocada para debater a assistência em saúde e a falta de médicos na capital.
A violência contra médicos e profissionais de saúde é um fator adicional à dificuldade de fixação de médicos em bairros periféricos, lembrou o presidente do Simesp, Cid Celio Carvalhaes. "Os governantes demonstram total descaso e descompromisso com o SUS em São Paulo", afirmou Cid.
Apenas nas Unidades Básicas de Saúde da Zona Leste faltam mais de 200 médicos generalistas, clínicos, pediatrias e ginecologistas, denunciou o coordenador do Conselho Municipal de Saúde, Frederico Lima.
A presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Irene Batista, apontou que há conflitos nas equipes de saúde que convivem , no mesmo serviço, com múltiplas formas de contratação e valores diferenciados de remuneração para o mesmo cargo e função, sem contar a grande rotatividade , a falta de adesão e a ausência de vínculo dos profissionais com a assistência aos usuários.
A audiência pública, presidida pela vereadora Juliana Cardoso, contou com a participação de diversos movimentos e entidades de saúde, além dos vereadores Gilberto Natalini, Cláudio Prado, Sandra Tadeu, Milton Ferreira e Noemi Nonato.
Fonte : CREMESP
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